Ora,
pois
Língua
brasileira?
“Não
falamos português, falamos brasileiro!”, diz Eni Orlandi, autora do livro
Língua Brasileira e Outras Histórias. Para ela, a língua brasileira é tão diferente
da portuguesa quanto o latim é do português. O reflexo são “erros” que todo
mundo comete e que as gramáticas proíbem, como a mania nacional do pronome
antes do verbo – “me avise”. Não chega a ser um problema, é apenas nosso jeito
de falar. Veja outros exemplos.
TEMPOS COMPOSTOS
A
preferência nacional é por tempos construídos com dois verbos, enquanto o
português prefere os tempos simples
BRASILEIRO: “Vai passar
nessa avenida um samba popular”
PORTUGUÊS: “Passará nessa
avenida um samba popular”
TOPICALIZAÇÃO
Em
terras brasileiras, costumamos repetir parte das frases de maneiras diferentes
BRASILEIRO: “O menino, ele
saiu depressa”
PORTUGUÊS: “O menino saiu
depressa”
GERÚNDIO
Nós
preferimos dizer no gerúndio, e o português, no infinitivo
BRASILEIRO: “Às vezes no
silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois”
PORTUGUÊS: “Às vezes no
silêncio da noite, eu fico a imaginar nós dois”
DISCURSO
O
jeito de pensar, construir as frases e os significados é diferente entre
brasileiro e português-sem piada
BRASILEIRO: “A coxinha
acabou”
PORTUGUÊS: “Temos
coxinha, mas acabou”
PRONOMES
O
brasileiro gosta de colocar o pronome antes do verbo e o português, depois
BRASILEIRO: “Deixa disso,
camarada, me dá um cigarro”
PORTUGUÊS: “Deixa disso,
camarada, dê-me um cigarro”
SIGNIFICADOS
E
as duas línguas têm a mesma palavra, mas com definições diferentes
BRASILEIRO: Bizarro (com o
sentido de esquisito, com aspecto estranho)
PORTUGUÊS: Bizarro (com o
sentido de bem equipado, bem-apessoado)
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