O meu editor escreveu uma cartinha aos luminares da
Academia Brasileira de Letras, encarregados da elaboração da quinta edição
(ridícula) do VOLP.
Meu editor escreveu:
Gostaria
de registrar as seguintes omissões na edição atual do VOLP: mapa, oxalá
(interj.), pôster. Gostaria também de registrar a ocorrência da entrada pé-de-meia,
com hífen. Creio que, com o Acordo, esse vocábulo deveria ser grafado sem
hífen. Grato.
A resposta veio (pasmem!) desta forma:
Resposta : O VOLP registra mapa-múndi e mapa do brasil; não há necessidade de escrever apenas mapa; poster, nome inglês, está no final do VOLP entre as palavras estrangeiras. Oxalá vai ser registrada em próxima edição. Pé-de-meia é uma das exceções de locuções em que os hifens permanecem.
Sem receio de errar nem de ser considerado um
exagerado, confesso que essa é uma das respostas mais ridículas e
irresponsáveis que já vi em toda minha (longa) vida. Afirmar que não registra mapa,
porque já registra mapa-múndi e mapa do brasil é de uma estultice a toda prova.
Imaginem um dicionarista não registrar mapa e, ao ser questionado,
dizer: Ah, mas eu já registro mapa-múndi!
Por que registrar também mapa?
E qual foi o critério para a retirada dos hifens em
pé de atleta, pé de boi, pé de chinelo, pé de galinha, pé de moleque, pé de
pato, e não em pé-de-meia? Por que não também pé de meia, sem hifens? Por que pé-de-meia
é uma exceção?
E, retirados os hifens, todas aquelas palavras, antes escritas
com hifens, não viraram locuções? Então, como entender que sejam classificadas
como meros substantivos, se agora se tornaram locuções?
Quanto ao estrangeirismo poster, também
é impossível entender. Por que ainda não o aportuguesaram? Os
luminares aportuguesam folder (para fôlder) e não aportuguesam poster.
Por quê? Qual é a razão? Qual é o critério? (Se é que existe uma coisa e
outra…) Aportuguesam couché (para cuchê) e coupé (para cupê),
e não aportuguesam démodé. Aportuguesam hamburger (para hambúrguer),
mas não aportuguesam cheeseburger. Aportuguesam twist (para tuíste),
mas não aportuguesam freezer, bacon, iceberg e tantos outros
estrangeirismos. Dá pra entender?
Ou essa gente está perdida, tão perdida quão cego
em cerrado tiroteio, ou é mesmo extremamente incompetente. E saber que estamos
todos obrigados a seguir o que essa gente decide! Sabem como me sinto? Eu me
sinto como aquele recruta que, disciplinado, segue rigorosamente o seu
comandante em direção a um abismo, para suicidar-se…
Prof.
Sacconi
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