“A interpretação dos sonhos é a estrada que leva ao
conhecimento das atividades inconscientes da mente.” Assim disse Freud, 50 anos
atrás. Hoje, a maioria dos psicanalistas e pesquisadores rejeita a crença de
que os sonhos são expressões dos desejos inconscientes.
Mas os sonhos não são desprovidos de sentido e
certamente não são inúteis. Para começar, são cruciais para processar emoções. “Eles
modulam as emoções e as mantêm dentro de um determinado patamar”, diz Patrick
McNamara, da Universidade de Boston. Novas pesquisas revelaram que os cochilos
consolidam memórias emocionais. E, quanto maior a quantidade de REM (movimento
rápido dos olhos, na sigla em inglês), maior o processamento dessas memórias.
Uma ideia é que os sonhos REM nos permitem aliviar
memórias emocionais poderosas, mas sem a correria hormonal gerada pelo estresse
da experiência real. Dessa forma, nós matemos a memória, mas os efeitos
emocionais vão gradualmente sendo atenuados. Experiências recentes mostraram
que nem todos os sonhos ocorrem durante o sono REM. E há indícios de que os
sonhos “não-REM” têm uma função específica.
Ao acordar estudantes durante fases diferentes do
sono, McNamara descobriu que os sonhos
REM são parecidos com histórias, com mais emoção, agressão e personagens
desconhecidos. Já os sonhos “não-REM” geralmente envolvem interações sociais
amigáveis. McNamara diz que, ao simular encontros agressivos, os sonhos REM nos
ajudam a encarar a violência real.
O conteúdo dos sonhos pode ser influenciado por
fatores externos, como aromas ou até o campo magnético da Terra, e alguns temas
são recorrentes. Muitos sonhos REM contêm personagens desconhecidos, usualmente
em uma interação agressiva com o sonhador.
A descoberta de temas
universais como essa pode preconizar uma volta ao estudo do sentido dos sonhos.
Só que, desta vez, baseado na ciência.
Revista Galileu
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