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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

"Ouvi uma palavra -Aborto. Entrou num ouvido e saiu no outro." Francisco Eriberto

Sequência
Meus pais nasceram, cresceram;
Se conheceram, namoraram;
Se casaram, fizeram amor.
Minha mãe amou e foi amada, engravidou.
Ouvi uma palavra -Aborto. Entrou num ouvido e saiu no outro.
Meu pai foi dedicado, trabalhador, ou não.
Eu já imaginava vir ao mundo desde quando meus pais nasceram.
Destino?
Era para eu estar aqui.
Foram longos meses nadando na barriga da mamãe.
Sentindo o toque do papai.
Com fome e sede. Desejo.
Chorava quando brigavam. Tinha tonturas e ficava triste.
Ía me desenvolvendo. Sentia isso.
Com o passar do tempo, as contrações e as dores, que eu fazia mamãe sentir,
eram um aviso. Eu tinha que nascer.
A respeito de papai, ouvia murmuros dele com a mamãe.
Quando ela sentia desejos que eu provocava nela, ele imediatamente a
satisfazia nem que fosse para ir até o outro lado do mundo.
Ficávamos alegres, eu e a minha mãe, porque ele acabara de matar a fome de nós dois.
O dia chegou. "O Grande Dia". O filho amado estava avisando que nasceria.
-Ai, Ai, ...! Mamãe exclamava. (Já disse, ouvia tudo).
Sentia-me sendo balançado, parecendo uma árvore solitária no meio de uma tempestade.
Pensava: -'O que é isso mesmo?'
Enfim, isso tudo acontecia antes de minha mãe parir.
-Olê! Nasci.
Recebi uma paumada atrás de mim, enguanto eu chorava.
Onde me bateram mesmo? Só sei que doeu.
De repente, me calei. Uma voz: -'Temos um campeão, aqui!'.
Outra voz: -'Oba! Meu garoto!' Essa eu conhecia. Era a de papai.
Minha mãe disse: -Oh! Meu filho, seja bem-vindo! Amamos você!
Ouvi àquilo e... acalentado pela mamãe, queria saber o significado de
"-amamos você!" Bom, só sei que no colo dela estava tão bom!
Pois bem, fui crescendo e quase não tive infância, ou tive?
Brinquei, escurreguei e tomei banho de mar. 
Que belos anos! Saudades deles!
Assim, sou sequencial,
até morrer.

Francisco Eriberto

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